Saudade de um festival

Uma breve crônica da nostalgia.

Uma noite insone, dia 24 de março, às 10h vai abrir a inscrição pro Aluno Especial da UFRGS. Pra quem não sabe, é como eu estudo na UFRGS. Como sou diplomado pela Feevale, a cada semestre eu posso me inscrever tardiamente pra começar as aulas um mês depois em disciplinas que possam expandir meu aprendizado. São quatro da manhã, e eu aqui: terminando de arrumar meu roteiro pro FRAPA, vendo se alguém tá fazendo merda no r/portoalegre ou no r/ufrgs (posso falar mais disso outro dia, não hoje)... aquela tristeza de começo de outono.

Dizem que é o inferno astral, taurino que sou, mas na verdade é só a tristreza de ver que o FANTASPOA tá quase ali e a inscrição pro FRAPA é no começo do ano pra acontecer no final, ainda não sei se vou ter a grana ou a credencial pro Festival de Gramado, ainda quero ver se vai ter mais algum concurso de roteiros pra eu mandar alguma coisa nova e tô pensando em escrever alguma coisa mais polêmica. Recém passou o Cine Esquema Novo, o meu novo amigo Camilo continua dizendo que ainda não superou Um Corpo Só (não tem o IMDb pra eu botar aqui) e eu mosquei até demais em nem saber direito que ia ter esse festival (só descobri quando vi o Tiago Coelho indo fotografar por lá). Festival vem, festival vai, eu tô com saudade de um festival de cinema como o de Gramado. Saudade de ver uma cidade parar. Saudade de botar a conversa em dia com o jornalista de Brasília que eu converso uma vez por ano e perguntar como foi o ano pra ele, bebendo cerveja de graça, ouvindo a jornalista do Estadão fazer as perguntas na sala do lado... seria essa uma experiência única?

Algumas mazelas da vida eu só consigo lembrar que podem ser curadas quando me vejo, novamente, indo almoçar e ouvindo opiniões conservadoras do lado de fora. Lembrando da vez que os artistas levaram gelo na cara. Passando raiva lembrando do filme do Bruno Oliveira. A alegria frouxa de ver que a Bárbara Paz esses tempos tava fazendo filme com o Willem Dafoe e hoje tava pedalando de noite pela cidade. Ir tomar café e no meio de uma conversa descobrir que as pessoas que trabalham todo dia com o que eu mais amo estão ali, na minha frente, existindo do mesmo jeito.

Não é por nada, não é por querer o passe livre, não é por gostar de decorar os slogans, não é por aprender a bater palma com os dedos na palma da mão e assim fazendo um aplauso que o cinema inteiro ouve... não dá vontade de encher uma cidade inteira de cineasta pra ver o que sai? Quem sabe sindicalizamos o roteirista daqui aos moldes da WGA lá fora? Quem dera, afinal.

Saudade de um festivalzinho.