Péssimo.
NÃO GOSTO DE ME TRAZER COMO O GRANDE DONO DA VERDADE e assim começo minha fala. Dito isso, Bacurau é um péssimo filme de um diretor que claramene não tem nada a acrescentar no debate da cultura e da produção audiovisual brasileira. Trago como bom exemplo a vez em que o tal do "primeiro diretor brasileiro do mundo" viu uma discussão muito boa se tornando no Twitter (não vou chamar de "X", por favor) sobre a qualidade sofrível do áudio do cinema brasileiro e decidiu responder assim:
À época, ainda com uma equipe grande brasileira fazendo os ditos... nem lembro o nome! Com uma equipe brasileira de redatores no Twitter, a própria plataforma fazia suas grandes compilações de tuítes contando sobre o que acontecia semana após semana, dia após dia. A equipe da redação se deu o trabalho de pegar as melhores falas sobre isso e, bem, lá no meio, estava a fala do diretor brasileiro que abriu o FESTIVAL DE GRAMADO de 2019.
Uau. O SEU FILME está ruim com um PÉSSIMO ÁUDIO e VOCÊ recomenda que eu AUMENTE O VOLUME. Não pensei nisso antes, Sherlock.
A sociedade, como um todo, realmente nào pareceu estar disposta a falar sobre Bacurau enquanto entretetnimento desde então. Há quem tenha se questionado: como tantas pessoas já assistiram Bacurau e nenhuma delas deu spoiler? Tenho uma resposta: Bacurau não tem história nenhuma.
Bacurau tem protesto, Bacurau tem uma mensagem de propaganda e de protesto contra uma falsa elite brasileira autoconsiderada "branca" constantemente atacando de forma xenofóbica o próximo e se vendo mais no reflexo de grandes bilionários do que dos seus, que vivem e lutam da mesma forma. Tirando isso, o que Bacurau tem de spoiler? Imagine, realmente, chegar em alguém e dizer que um spoiler de Bacurau é que vai ter um casal pelado dando um tiro na cabeça de um personagem. "Ei, olha o spoiler de Bacurau!" e começa falando sobre como um personagem insignificante foi devolvido para a cidade grande em cima de um jegue. Talvez um spoiler de Bacurau seja aquela parte quando a personagem ouve que não é "branca como nós". Uau. Perdi até a vontade de ir no cinema.
O cinema de Kléber Mendonça Filho faz um grande trabalho para o cinema quando traz o pior que já existe e consegue popularizá-lo, e com isso digo o tanto de babaca que glorifica um cinema cult e não aceita respostas contra estes filmes ou não trata seus diretores como os deuses do mundo contemporâneo e, realmente, acham que este filme per se já serve de argumento. Por algum acaso, se parece muito com quem realmente acha que a indicação de Ryan Gosling a um Oscar diz muito sobre a crítica ao mundo machista de Barbie, já que em hipótese alguma é autorizado ver um filme de sucesso enquanto uma obra com um protagonista medíocre. Recentemente toquei nisso citando o novo Mean Girls, que muito provavelmente terá várias indicações referentes a seus números musicais e coadjuvantes e, enquanto o cinema tiver espectadores (e não apenas aplausos), não terá quase nenhuma para sua protagonista. Voltando a Bacurau, o filme populariza o pior do lixo do fã de cinema cult que existe.
Kléber Mendonça Filho é o Michael Bay brasileiro tanto pela escassez de roteiro e quanto pelas grandes explosões, os grandes sustos que Kléber acha de bom tom ficar colocando no meio do filme. Parece que o próprio tem noção de que seu enredo não está prendendo o espectador, que aos poucos o seu público vai dormindo e, de repente, BOOM, estouramos uma cabeça na sua frente para você não dormir. E, acredite, você vai gritar "Fora Bolsonaro" para um filme que faz isso a cada quinze minutos.
É um filme ruim.