Kenya sabe o que está fazendo, só não está tão bom. Mas ela sabe. E como sabe.
Quem não estava no hype para Desvirtude que atire a primeira pedra.
O curta-metragem começou a atrair os olhares mais gerais no cenário do audiovisual gaúcho em 2020, quando uma live da APTC-RS (Associação Profissional de Técnicos Cinematográficos) virou notícia devido a "uma fala extremamente racista e infeliz" proferida pela produtora do filme O Homem que Copiava .
Foi aí que a diretora Gautier Lee , graduada na turma de 2017 em Produção Audiovisual pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, tomou o lugar de fala e instigou que o resto do estado desse mais atenção para o que acontece nas escolas de cinema. Ao final de seu vídeo, Gautier já tinha todos os olhares necessários para o que eu categorizo como uma revolução antirracista no cinema gaúcho. De forma modesta e curta, anunciou o curta-metragem mais esperado de 2021: 188.
No ano seguinte, no 49º Festival de Cinema de Gramado, lá estava ele, agora chamado de Desvirtude, passando nas telas do Canal Brasil, emissora que ficou responsável pela transmissão da programação da festa do cinema ibero-americano.
O curta-metragem que encerrou o Festival ganhador dos prêmios de Melhor Filme, Melhor Atriz (Evelyn Santos), Melhor Direção (Gautier Lee), Melhor Montagem (Gabriel Borges) na mostra gaúcha e também ganhador do Melhor Filme pelo Júri Popular na mostra nacional, ainda assim, não pareceu tão melhor do que outros filmes da mostra.
Necessário, o cinema de Gautier grita, mas não agrega nem surpreende. Talvez pelo tempo, talvez pela atuação, talvez pela direção. Seu elenco, que não parece confortável com uma atuação naturalista, brilha em poucos momentos.
Ainda que em aspectos técnicos o filme não me agrade, não posso deixar de expressar o quanto eu acredito que Gautier, com certeza, é um nome que ouviremos muitas outras vezes.
Este filme foi assistido no MUBI. Ganhe um mês grátis se inscrevendo por este link.