Cachorro Inédito rosna e late em vão

O cachorro inédito marca território com mais do mesmo

Bruno de Oliveira não é um nome desconhecido do Festival de Gramado. Conhecido pelos péssimos Pássaros de Massachusetts e Ten-love, uma hora ou outra o estilo de Bruno chegaria no padrão que chegamos no Festival de Gramado de 2022: virou marca registrada. Não dá para assistir Dog Never Raised sem concluir que, com certeza, veio da mesma cabeça por trás desses outros dois filmes.

Mais uma vez preso em sua marca estética que não parece ter tanto a oferecer sem ser fonte de um discurso que não se sustenta, Bruno definitivamente está perdido e se afogando no meio de seu próprio cinema de fluxo.

Bruno de Oliveira, se vestindo de preto e com um boné, discursa no palco do Palácio dos Festivais antes da exibição de Cachorro Inédito. Ele levanta sua mão enquanto fala. Ao fundo, Marla Martins, apresentadora, sorri.
Foto: Edison Vara/Agência Pressphoto

Bruno desafia copyrights, desafia a paciência de quem assiste, desafia aquele que tenta gostar da narrativa e tenta entender o sentido naquilo que ele faz mas, felizmente, não sem antes trazer seu discurso em cima do palco, no qual Bruno protesta contra a elitização do ensino de Cinema no Rio Grande do Sul.

Questionado por C.E. Lourenço Jorge, mediador do debate, Bruno afirma que saber que o filme "já ia passar mesmo" o levou a ignorar a busca por trechos de filmes que cumprissem com a regra dos direitos autorais do Festival de Cinema de Gramado

Tirando isso, Cachorro Inédito traz uma história demorada narrada em um inglês forçado que não acaba nunca e, tentando rir da cara de quem fica até o final (e de quem controla a iluminação do cinema) insiste em fingir que acabou seu filme umas seis vezes antes de encerrar de fato.

O que será que Bruno de Oliveira servirá a alguém que espera algo minimamente bom em 2023?